O Romantismo


INTRODUÇÃO
O Romantismo é com a ascensão da burguesia ao poder na França, surge à necessidade de se firmar e expressar os sentimentos da forma mais plena possível, levando em consideração o contexto social e o perfil do público que se formava. Com isso, em meados de 1789, esta burguesia capitalista consolidou um padrão artístico próprio, em oposição aos padrões da aristocracia que antes vigoravam. Em nossa terra, inicia-se em 1836 com a publicação, na França, da Nictheroy - Revista Brasiliense, por Gonçalves de Magalhães. Neste período, nosso país ainda vivia sob a euforia da Independência do Brasil. Os artistas brasileiros buscaram sua fonte de inspiração na natureza e nas questões sociais e políticas do país. As obras brasileiras valorizavam o amor sofrido, a religiosidade cristã, a importância de nossa natureza, a formação histórica do nosso país e o cotidiano popular.Esse Período no Brasil compreende a gloriosa época do Império o qual patrocinou a cultura (com destaque a Dom Pedro II , o qual foi chamado de “filho de Marco Aurélio” por Victor Hugo devido a sua sabedoria) e teve momentos extremamente nacionalistas como a Guerra do Paraguai.


CONTEXTO HISTÓRICO

O culto à natureza e à imaginação já havia começado com os escoceses no século XII, quando surgiram as primeiras histórias de cavaleiros e donzelas, em verso. Nessa época, as narrativas eram chamadas de romance, palavra, que significa “na língua de Roma” . A origem do que viria a ser conhecido como “Romantismo” , no entanto, fora plantada no século XVII, quando o “espirito clássico” começaria a ser contestado na Grã – Bretanha . O Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e a Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria inclusive, fundamental importância na unificação germânica com o movimento Sturm und Drang . O Romantismo viria a se manifestar de forma bastante variada nas diferentes artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a musica . No Brasil, o Romantismo coincidiu com a Independência política no Brasil em 1822, com o primeiro reinado, com a Guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista.
Uma Pessoa importantíssima nesse contexto é Dom Pedro II, o qual como exemplo a nação, patrocinou as artes e em suas próprias palavras disse que gostaria de ser professor caso não fosse Imperador. Dom Pedro de seu próprio bolso pagou a educação de ex-escravos e sustentou artistas até que ganhassem notoriedade, sendo que seu principal passa tempo era ler e tentar fazer que o Brasil estivesse sempre evoluindo sua cultura ao mesmo passo que a Europa e os E.U.A. Enquanto esteve no poder a decência e a educação ficavam acima de tudo. Toda esta sabedoria, reconhecida no Brasil e no exterior foi refletida em vários poemas a ele dedicados.Assim que o golpe republicano o depos, os novos positivistas fizeram de tudo para destruir sua imagem, esquecendo-se do povo o que gerou a inflação (na tentativa de mostrar que a republica era melhor, a emissão de dinheiro triplicou em dois anos), e os planos da Princesa Isabel para a indenização dos ex escravos na sociedade foram deixados de lado, contribuindo para a criação das favelas anos mais tarde.


GERAÇÕES
Primeira Geração: Conhecida como Nacionalista ou indomista, marcada pela busca de uma identidade nacional e pela exaltação da natureza.As principais características são: Exaltação da natureza; Excesso de sentimentalismo; Amor indianista Ufanismo (exaltação da pátria).Entre os principais autores podem ser destacados:
Gonçalves de Magalhães(1811-1882) : A importância histórica de Gonçalves de Magalhães está em ter introduzido no Brasil o movimento literário romantismo , após publicar a obra Suspiros Poéticos e Saudades.Inspirado pelas obras européias Gonçalves passou a produzir suas poesias com temáticas religiosa e indianista. Com a publicação do poema épico “Confederação dos Tamoios”, em 1856, Gonçalves de Magalhães deu início a uma grande polêmica por entre os colegas autores e críticos literários da época, neles incluído José de Alencar. Gonçalves de Magalhães pretendia oferecer ao Brasil uma epopeia nacional, um símbolo que marcasse autonomia política e estética de um Brasil recém-saído do domínio português. A obra descreve a organização da revolta de uma tribo indígena, aliada a tropas francesas para expulsar colonizadores portugueses e tribos aliadas aos lusitanos da costa do vasto território onde hoje são os litorais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Essa revolta marca uma mudança importante na história do Brasil colônia: depois dela, Portugal muda estratégia de exploração da colônia e passa a trazer mão-de-obra escravizada em navios negreiros em lugar de tentar dominar e escravizar as tribos da população originária local.
As críticas à obra foram duras, numerosas e severas. Seus críticos acusavam a obra de celebrar paradoxalmente os índios e os catequizadores ao mesmo tempo, fato que se opõe a um poema épico, que, por definição, apresenta um único ponto de vista ao leitor. Muitos foram os ataques, porém escritores de renome e autoridades da época também saíram em defesa do autor, tais como Monte Alverne e o próprio imperador do Brasil à época, Pedro II, amigo pessoal de Gonçalves de Magalhães.
Em 1847, após atuar como secretário do Duque de Caxias, deu início à carreira diplomática. Foi ministro de Estado, cônsul brasileiro em Viena, na Áustria e cumpriu missões no Paraguai, na Argentina, nos Estados Unidos, na Santa Sé (Itália), onde faleceu em 1882.

Gonçalves Dias (1823-1864): Antonio Gonçalves Dias, poeta brasileiro , nasceu no estado do Maranhão.estudou Latim, Francês e Filosofia.Matriculou-se em 1840 no Colégio das Artes, em Coimbra, formou-se em direito e escreveu seu famoso poema “Canções do Exílio”.Em 1847 surgiu “Os Primeiros Cantos” e em 1848 “Os Segundos Cantos”.Tinha também uma temática indianista que girava em torno dos indígenas Poeta brasileiro nascido no sítio Boa Vista, perto de Caxias, MA, citado como o verdadeiro criador da literatura brasileira. Em 1846 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se tornou professor de latim e história do Brasil no Colégio Pedro II.Fez várias viajens durante a vida , indo da Amazônia ate a Europa onde em 1862 quando estava em Coimbra, compôs um de seus poemas mais conhecidos, a Canção do exílio: "Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá".... Com uma obra repleta de brasilidade e com temas indianistas, mais e mais valorizada com o tempo, em seu modo de ver e defender a natureza, já embutia uma preciosa preocupação ecológica, consolidou o romantismo brasileiro e serviu de modelo para muitos dos poetas seguintes, de Junqueira Freire a Castro Alves. Com a saúde irremediavelmente abalada, embarcou de volta ao Brasil (1864) no porto francês do Havre, no navio Ville de Boulogne. Inditosamente o navio naufragou na costa maranhense, perto de Guimarães, e o grande poeta foi o único a morrer no naufrágio, em 3 de novembro daquele ano.


SEGUNDA GERAÇÃO
É a geração do mal-do-século, que foi intensamente influenciada pela poesia de Lord Byron e Musset. Por esse motivo, é também chamada de "geração byroniana". As obras dessa fase da literatura são impregnadas de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio constante. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida. Entre as principais características estão: Egocentrismo; Sentimentalismo exagerado; Subjetivismo; Idealização da mulher; Ultrarromantismo
Álvares de Azevedo (1831-1852) : Manuel Antonio Alvares de Azevedo, nascido em São Paulo, autor de , sua obra principal que foi deixada inédita e publicada pouco depois de sua morte ocorrida quando tinha apenas 21 anos no Rio de Janeiro. . Filho do Doutor Inácio Manuel Alvares de Azevedo e Dona Luísa Azevedo. Aos dois anos de idade, junto com sua família, muda-se para o Rio de Janeiro. Em 1836 morre seu irmão mais novo, fato que o deixou bastante abalado. Foi aluno brilhante, estudou no colégio do professor Stoll, onde era constantemente elogiado. Em 1945 ingressou no Colégio Pedro II.
Em 1848, Álvares de Azevedo voltou para São Paulo e iniciou o curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, onde passou a conviver com vários escritores românticos. Nessa época fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano, traduziu a obra Parisina, de Byron e o quinto ato de Otelo, de Shakespeare, entre outros trabalhos.
Álvares de Azevedo vivia em meio aos livros da faculdade e se dedicava a escrever suas poesias. Toda sua obra poética foi escrita durante os quatro anos que cursou a faculdade. O sentimento de solidão e tristeza, refletidos em seus poemas, era de fato a saudade da família, que ficara no Rio de Janeiro.
    Ele, assim como outros autores romantistas além de focarem na romantização abrangiam outras coisas como o mórbido, o feio, o cômico e o sarcástico. Suas poesias retratam o seu mundo interior. É conhecido como "o poeta da dúvida". Faz parte dos poetas que deixaram em segundo plano, os temas nacionalistas e indianistas, usados na Primeira Geração Romântica, e mergulharam fundo em seu mundo interior. É Patrono da cadeira nº. 2, da Academia Brasileira de Letras.

Fagundes Varella (1841-1875) : Fagundes Varella nasceu no estado do Rio de Janeiro e foi um dos que lutou pelo abolicionismo.Sua obra poética é de mais alta importância no romantismo brasileiro.A principal temática abordada em sua obra é o contraste entre a cidade e o sertão, sociedade e bucolismo, solidão em meio a paisagem e necessidade de convívio social. Escreveu Pendão Auri-verde - poemas patrióticos, acerca da Questão Christie.Cantos e Fantasias – (1865) Cantos Meridionais – (1869).


TERCEIRA GERAÇÃO
A Geração Condoreira foi caracterizada pela poesia social e libertária. Nela estão refletidas as lutas internas da segunda metade do reinado de Dom Pedro II. Essa geração sofreu intensamente a influência das ideias de Victor Hugo, de sua poesia político-social. Em consequência dessa ligação, essa fase da literatura também é chamada de "geração hugoana". A mulher era idealizada e acessível .Sua principal característica é estar ao lado dos idéias liberais e abolicionistas
 Manuel Antonio de Almeida (1831-1861)
Apesar de ter se formado em medicina, Manuel Antonio de Almeida preferiu se dedicar ao jornalismo.Sua única obra, memórias de um sargento de milícias, foi publicado com o pseudônimo “um brasileiro”, entre os anos 1852 e 1853.Nela o autor soube incorporar sua experiência como menino de família humilde na sociedade carioca no inicio do século XIX.
Pertenceu à primeira sociedade carnavalesca do Rio de Janeiro, o Congresso das Sumidades Carnavalescas, fundado em 1855.
Foi professor do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Em 1858 foi nomeado diretor da Tipografia Nacional, onde conheceu o jovem aprendiz de tipógrafo Machado de Assis.
Procurou iniciar a carreira na política. Quando iria fazer as primeiras consultas entre os eleitores, morreu no naufrágio do navio Hermes, em 1861, na costa fluminense
José de Alencar (1829-1877) :José de Alencar nasceu em 1829 em uma cidade que hoje é parte da cidade de Fortaleza. Nascido de uma relação ilegítima e considerada escandalosa à época, visto que seu pai era padre
Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de direito em 1845. Em 1856, publicou o primeiro romance, Cinco Minutos, Mas é com O Guarani em 1857 que alcançou notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.
José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara(1874). Em 1860, ingressou na política, como deputado estadual no Ceará, sempre militando pelo Partido Conservador (Brasil Império). Em 1868, tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador D. Pedro II do Brasil não o escolhido por ser muito jovem ainda.
Produziu também romances urbanos (Senhora, 1875; Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates, 1873), além de peças para o teatro.
Viajou para a Europa em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano, vitimado pela tuberculose. Sua esposa Georgiana faleceu treze anos depois e foi sepultada ao lado do marido em 1913.


ROMANTISMO EM PORTUGAL

Romantismo em Portugal surgiu no século XIX. Nas artes plásticas o Romantismo é normalmente encarado como um movimento oposto ao Neoclassicismo, por ser uma reação à excessiva racionalidade clássica, negando os princípios de harmonia, ordem e proporção. A questão é, no entanto, um pouco mais complexa, porque ambos se completam e revelam ser as duas fases de um mesmo objeto. É obvio que existem elementos díspares ou mesmo opostos, como sentimento e razão ou o indivíduo versus o todo, mas essas diferenças complementam-se, principalmente nas artes plásticas, porque o movimento neoclássico já é uma atitude romântica ao virar-se para o passado. Quer dizer, o todo só faz sentido com o indivíduo, tal como a razão é inseparável do sentimento, não se podendo por a tônica em nenhuma porque estão interligadas. Nesse sentido o Romantismo surge nas artes quase naturalmente quando os artistas se apercebem da impossibilidade de negar certos aspectos da criatividade humana. Pode, então, ser caracterizado como um apelo ao individualismo, exaltando o sentimento, a emoção e a genialidade.Também é dividida em 3 gerações que tem as seguintes características e autores:
Terceira Geração:  Entre os anos 1860 a 1870;É considerado momento de transição, por já anunciar o Realismo;Traz um Romantismo mais equilibrado, regenerado (corrigido, reconstituído);Autores pré-realistas;Lirismo simples e sincero.
Seus principais Autores são João de Deus e Júlio Dinis e as algumas de suas obras são Os Fidalgos da Casa Mourisca; Inédito e esparsos e Poesias
Segunda Geração: Entre os anos 1840 e 1860; Também conhecido como Ultra-Romantismo.; Marcado pelo Exagero, Desequilíbrio, Sentimentalismo; Maior emoção nas obras, dando valor ao: tédio, melancolia, desespero, pessimismo, fantasia; Liberdade de expressão.Seus autores e obras são Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.As obras são : O firmamento, A Camões, A doida do Candal e A Corja
Primeira Geração: Entre os anos de 1825 e 1840;Bastante ligado ao Classicismo, contribui para a consolidação do liberalismo em Portugal;Os ideais românticos dessa geração estão embasados na pureza e Originalidade, Subjetivismo, Idealização da mulher,do amor e da natureza, Nacionalismo, Historicismo e Medievalismo. Principais autores são : António Feliciano de Castilho,  Almeida Garrett, Alexandre Herculano, e algumas de suas obras são : A Semana Santa, A Voz, Camões, Dona Branca, O Outono.

 

 



 







POEMAS
Gonçalves Dias




Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.









Gonçalves de Magalhães

A Flor Suspiros

Eu amo as flores
Que mudamente
Paixões explicam
Que o peito sente.
Amo a saudade,
O amor-perfeito;
Mas o suspiro
Trago no peito.
A forma esbelta
Termina em ponta,
Como uma lança
Que ao céu remonta.
Assim, minha alma,
Suspiros geras,
Que ferir podem
As mesmas feras.
É sempre triste,
Ensanguentado,
Quer seco morra,
Quer brilhe em prado.
Tais meus suspiros...
Mas não prossigas,
Ninguém se move,
Por mais que digas.


Castro Alves
A Duas Flores

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!



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Casimiro de Abreu
MEUS OITO ANOS

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!











Alvares de Azevedo
Amor



Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!













BIBLIOGRAFIA
Livro: O Imperador Cidadão
Ney Carvalho, O Encilhamento, pp. 189 - 190.
Tabela retirada do livro "A Inflação Brasileira 1820-1958 por Oliver Onody, 1960"
https://monarquiaconstitucional.jusbrasil.com.br/artigos/370972747/princesa-isabel-e-a-indenizacao-para-ex-escravos-que-infelizmente-nunca-aconteceu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_rom%C3%A2ntica_em_Portugal



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