Arcadismo
ORIGEM
O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, surgiu no continente europeu no século XVIII, durante uma época de ascensão da burguesia e de seus valores sociais, políticos e religiosos. Esta escola literária caracterizava-se pela valorização da vida bucólica e dos elementos da natureza. O nome originou-se de uma região grega chamada Arcádia (morada do deus Pan).
Os poetas desta escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a tranquilidade proporcionada pela natureza e a contemplação da vida simples. Portanto, desprezam a vida nos grandes centros urbanos e toda a vida agitada e problemas que as pessoas levavam nestes locais. Os poetas arcadistas chegavam a usar pseudônimos (apelidos) de pastores latinos ou gregos.
Os poetas desta escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a tranquilidade proporcionada pela natureza e a contemplação da vida simples. Portanto, desprezam a vida nos grandes centros urbanos e toda a vida agitada e problemas que as pessoas levavam nestes locais. Os poetas arcadistas chegavam a usar pseudônimos (apelidos) de pastores latinos ou gregos.
CONTEXTO HISTÓRICO
O século XVIII, também referido como “Século das Luzes”, representa uma fase de importantes transformações no campo da cultura europeia.A Burguesia passa a mandar nos países. Paralelamente, a antiga Nobreza arruína-se, e o Clero, com as suas intermináveis polêmicas, traz o descrédito às questões teológicas. Em toda a Europa a influência do pensamento Iluminista burguês se alastra.
Esse período de renovação cultural que se caracteriza, em linhas gerais, pela valorização da Ciência e do espírito racionalista. O método experimental desenvolve-se; a análise crítica dos valores sociais e religiosos aguça-se, provocando polêmicas; há uma grande confiança na capacidade do homem em promover o progresso social (crença em que o bem-estar coletivo só pode advir da razão), e a tendência de libertar o universo cultural da influência da religião acentua-se cada vez mais.A segunda metade do século é marcada pela Revolução Industrial na Grã-Bretanha, pelo aumento da urbanização de modo geral, e pela independência dos Estados Unidos (1776). Esta, por sua vez, irá inspirar movimentos de revolta em muitas colônias da América Latina como por exemplo a Inconfidência Mineira, no Brasil.
Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pã e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.
Os italianos, procurando imitar a lenda grega, por inspiração de Giovan Maria Crescimbeni di Macerata criaram a "Arcádia" em 5 de outubro 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural. Fez surgir no teatro a novidade do melodrama, com "Metastásio", e um novo tipo de tragédia, com "Mérope", de Maffei.
Em Portugal e no Brasil, a experiência neoclássica na literatura deu-se em torno dos modelos do arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.
Esse período de renovação cultural que se caracteriza, em linhas gerais, pela valorização da Ciência e do espírito racionalista. O método experimental desenvolve-se; a análise crítica dos valores sociais e religiosos aguça-se, provocando polêmicas; há uma grande confiança na capacidade do homem em promover o progresso social (crença em que o bem-estar coletivo só pode advir da razão), e a tendência de libertar o universo cultural da influência da religião acentua-se cada vez mais.A segunda metade do século é marcada pela Revolução Industrial na Grã-Bretanha, pelo aumento da urbanização de modo geral, e pela independência dos Estados Unidos (1776). Esta, por sua vez, irá inspirar movimentos de revolta em muitas colônias da América Latina como por exemplo a Inconfidência Mineira, no Brasil.
Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pã e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.
Os italianos, procurando imitar a lenda grega, por inspiração de Giovan Maria Crescimbeni di Macerata criaram a "Arcádia" em 5 de outubro 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural. Fez surgir no teatro a novidade do melodrama, com "Metastásio", e um novo tipo de tragédia, com "Mérope", de Maffei.
Em Portugal e no Brasil, a experiência neoclássica na literatura deu-se em torno dos modelos do arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.
CARACTERÍSTICAS
O arcadismo constitui-se numa forma de literatura mais simples, opondo-se aos exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso através de expressões em latim. São temas simples e comuns aos seres humanos, como o amor, a morte, o casamento, a solidão. As situações mais frequentes apresentam um pastor abandonado pela amada, triste e queixoso. É a "aurea mediocritas" ("mediocridade áurea"), que simboliza a valorização das coisas cotidianas, focalizadas pela razão.
Os autores retornam aos modelos clássicos da Antiguidade greco-latina e aos renascentistas, razão pela qual o movimento é também conhecido como neoclássico. Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.
Inspirados na frase do escritor latino Horácio "fugere urbem" ("fugir da cidade"), e imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo Regime, pelo absolutismo monárquico.
Cumpre salientar que essa busca configurava apenas um estado de espírito, uma posição política e ideológica, uma vez que esses autores viviam nos centros urbanos e, burgueses que eram, ali mantinham os seus interesses econômicos. Por isso justifica falar-se em "fingimento poético" no arcadismo fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris.
Além disso, diante da efemeridade da vida, defendem o "carpe diem", pelo qual o pastor, ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a gozar o momento presente.
Quanto à forma, usavam muitas vezes sonetos com versos decassílabos, rima optativa e a tradição da poesia épica.
Outras características importantes são:
valorização da vida no campo (bucolismo)
Fugere urbem (critica a vida nos centros urbanos)
objetividade
idealização da mulher amada
inutilia truncat (cortar o inútil)
locus amoenus (lugar ameno)
convencionalismo amoroso
aurea mediocritas (mediocridade áurea ou ouro medíocre)
linguagem simples
uso de pseudônimos com frequência
pastoralismo
Os autores retornam aos modelos clássicos da Antiguidade greco-latina e aos renascentistas, razão pela qual o movimento é também conhecido como neoclássico. Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.
Inspirados na frase do escritor latino Horácio "fugere urbem" ("fugir da cidade"), e imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo Regime, pelo absolutismo monárquico.
Cumpre salientar que essa busca configurava apenas um estado de espírito, uma posição política e ideológica, uma vez que esses autores viviam nos centros urbanos e, burgueses que eram, ali mantinham os seus interesses econômicos. Por isso justifica falar-se em "fingimento poético" no arcadismo fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris.
Além disso, diante da efemeridade da vida, defendem o "carpe diem", pelo qual o pastor, ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a gozar o momento presente.
Quanto à forma, usavam muitas vezes sonetos com versos decassílabos, rima optativa e a tradição da poesia épica.
Outras características importantes são:
valorização da vida no campo (bucolismo)
Fugere urbem (critica a vida nos centros urbanos)
objetividade
idealização da mulher amada
inutilia truncat (cortar o inútil)
locus amoenus (lugar ameno)
convencionalismo amoroso
aurea mediocritas (mediocridade áurea ou ouro medíocre)
linguagem simples
uso de pseudônimos com frequência
pastoralismo
No Brasil
Apesar dos traços do cultismo barroco em alguns poetas, a maioria deles procurou seguir as convenções dos neoclassicistas europeus. São elas:
Utilização de personagens mitológicas;
Idealização da vida campestre (bucolismo);
Eu lírico caracterizado como um pastor e a mulher amada como uma pastora (pastoralismo ou fingimento poético);
Ambiente tranquilo, idealização da natureza, cenário perfeito e aprazível (locus amoenus);
Visão da cidade como local de sofrimento e corrupção (fugere urbem, fugir da cidade em latim);
Elogio ao equilíbrio e desprezo às extremidades (aurea mediocritas - expressão de Horácio);
Desprezo aos prazeres do luxo e da riqueza (estoicismo);
Utilização de personagens mitológicas;
Idealização da vida campestre (bucolismo);
Eu lírico caracterizado como um pastor e a mulher amada como uma pastora (pastoralismo ou fingimento poético);
Ambiente tranquilo, idealização da natureza, cenário perfeito e aprazível (locus amoenus);
Visão da cidade como local de sofrimento e corrupção (fugere urbem, fugir da cidade em latim);
Elogio ao equilíbrio e desprezo às extremidades (aurea mediocritas - expressão de Horácio);
Desprezo aos prazeres do luxo e da riqueza (estoicismo);
Cortar o inútil ("inutilia truncat")
Aproveitamento do momento presente, aproveitar a vida, devido à incerteza do amanhã. (carpe diem).
Além das características trazidas da Europa, o arcadismo no Brasil adquiriu algumas particularidades temáticas :
Inserção de temas e motivos não existentes no modelo europeu, como a paisagem tropical, elementos da flora e da fauna do Brasil e alguns aspectos peculiares da colônia, como a mineração, por exemplo;
Episódios da história do país, nas poesias heroicas;
O índio como tema literário.
Esses novos temas já prenunciam o que seria o Romantismo no Brasil: a representação do indígena e da cor local.
Aproveitamento do momento presente, aproveitar a vida, devido à incerteza do amanhã. (carpe diem).
Além das características trazidas da Europa, o arcadismo no Brasil adquiriu algumas particularidades temáticas :
Inserção de temas e motivos não existentes no modelo europeu, como a paisagem tropical, elementos da flora e da fauna do Brasil e alguns aspectos peculiares da colônia, como a mineração, por exemplo;
Episódios da história do país, nas poesias heroicas;
O índio como tema literário.
Esses novos temas já prenunciam o que seria o Romantismo no Brasil: a representação do indígena e da cor local.
ARCADISMO LUSITANO E BRASILEIRO
O clima de renovação atingiu fortemente também Portugal que, no começo do século XVIII, passava pelo período final de sua reestruturação econômica, política e cultural.
Durante o reinado de João V de Portugal (1707-1750) percebe-se, no país, uma certa abertura intelectual e política, como por exemplo a licença concedida à Congregação do Oratório para ministrar ensino, até então privilégio da Companhia de Jesus.
Em 1746, Luís António Verney, inspirado nas ideias dos racionalistas franceses, publica as cartas que compõem o seu "Verdadeiro Método de Estudar", obra em que critica o ensino tradicional e propõe reformas que visam a colocar a cultura portuguesa a par com a do resto da Europa.
Caberá, entretanto, ao marquês de Pombal, ministro de José I de Portugal (1750-1777), concretizar essas aspirações. Agindo com plena autonomia de poderes, o despotismo esclarecido de Pombal operou verdadeira transformação nos rumos da cultura portuguesa:
expulsou os jesuítas em 1759, o que enfraqueceu bastante a influência religiosa no campo cultural;
incentivou os estudos científicos;
reformou o ensino e,
apesar de manter um sistema de censura, afrouxou muito a repressão que era exercida pelo Santo Ofício (a Inquisição).
Em Portugal, o arcadismo iniciou-se oficialmente em 1756, com a fundação da “Arcádia Lusitana”, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas para discutirem Arte.
A “Arcádia Lusitana” tinha por lema a frase latina "Inutilia truncat" ("acabe-se com as inutilidades"), escrito por António Dinis da Cruz e Silva no capítulo II do Estatuto da Arcádia [1] que vai caracterizar todo o movimento no país. Visavam com isto erradicar os exageros, o rebuscamento, e a extravagância preconizados pelo Barroco, retornando a uma literatura simples. No capítulo III é definido a divisa do lírio, alusivo a Virgem Nossa Senhora, tomada como protetora da instituição com o título de Conceição. Nesse primeiro momento, não havia o preceito contra a religião, o que mudaria na última década do século XVIII com a Nova Arcádia (1790-1794), com a participação de Bocage e Nicolau Tolentino, dentre outros
Autores
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)
António Dinis da Cruz e Silva
Correia Garção
Marquesa de Alorna
Francisco José Freire, ou Cândido Lusitano
Durante o reinado de João V de Portugal (1707-1750) percebe-se, no país, uma certa abertura intelectual e política, como por exemplo a licença concedida à Congregação do Oratório para ministrar ensino, até então privilégio da Companhia de Jesus.
Em 1746, Luís António Verney, inspirado nas ideias dos racionalistas franceses, publica as cartas que compõem o seu "Verdadeiro Método de Estudar", obra em que critica o ensino tradicional e propõe reformas que visam a colocar a cultura portuguesa a par com a do resto da Europa.
Caberá, entretanto, ao marquês de Pombal, ministro de José I de Portugal (1750-1777), concretizar essas aspirações. Agindo com plena autonomia de poderes, o despotismo esclarecido de Pombal operou verdadeira transformação nos rumos da cultura portuguesa:
expulsou os jesuítas em 1759, o que enfraqueceu bastante a influência religiosa no campo cultural;
incentivou os estudos científicos;
reformou o ensino e,
apesar de manter um sistema de censura, afrouxou muito a repressão que era exercida pelo Santo Ofício (a Inquisição).
Em Portugal, o arcadismo iniciou-se oficialmente em 1756, com a fundação da “Arcádia Lusitana”, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas para discutirem Arte.
A “Arcádia Lusitana” tinha por lema a frase latina "Inutilia truncat" ("acabe-se com as inutilidades"), escrito por António Dinis da Cruz e Silva no capítulo II do Estatuto da Arcádia [1] que vai caracterizar todo o movimento no país. Visavam com isto erradicar os exageros, o rebuscamento, e a extravagância preconizados pelo Barroco, retornando a uma literatura simples. No capítulo III é definido a divisa do lírio, alusivo a Virgem Nossa Senhora, tomada como protetora da instituição com o título de Conceição. Nesse primeiro momento, não havia o preceito contra a religião, o que mudaria na última década do século XVIII com a Nova Arcádia (1790-1794), com a participação de Bocage e Nicolau Tolentino, dentre outros
Autores
Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805)
António Dinis da Cruz e Silva
Correia Garção
Marquesa de Alorna
Francisco José Freire, ou Cândido Lusitano
Neoclassicismo no Brasil
O século XVIII é considerado o Século de Ouro no Brasil, graças á descoberta de ouro em Minas Gerais. A região Sudeste tornou-se o principal eixo econômico e político da Colônia e teve nas cidades de Vila Rica (Atual Ouro Preto) e Rio de Janeiro.
Diferentemente da dinâmica existente na região Nordeste, cuja economia era agrária, formou-se na região de Minas Gerais, principalmente em Vila Rica, uma sociedade urbana caracterizada por grande número de profissionais, cujas atividades giravam em torno da extração de Ouro.
Vila Rica tornou-se um dos maiores centros urbanos na América, com grande desenvolvimento artístico e cultural. A proliferação de intelectuais e artistas, que vinham das mais diferentes regiões, possibilitou maior circulação das ideias iluministas, vindas do continente europeu, que fizeram de Vila Rica palco de várias rebeliões políticas e inovações estéticas.
Aqui o marco inaugural do arcadismo deu-se em 1768 com a fundação da “Arcádia Ultramarina”, em Vila Rica, e a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa. Embora não chegue a constituir um grupo nos moldes das arcádias europeias, constituem a primeira geração literária brasileira.
Nesta colônia portuguesa, as ideias iluministas vieram ao encontro dos sentimentos e anseios nativistas, com maior repercussão em Vila Rica, centro econômico mais importante à época, em função da mineração. A figura do “bom selvagem” de Rousseau dará origem, na colônia, ao chamado Nativismo. O acontecimento político mais importante será a Inconfidência Mineira, tentativa mal-sucedida de libertar a província das Minas Gerais do domínio colonial português. A politização do movimento apresentou-se através dos poetas árcades brasileiros, participantes da Conjuração.
A chamada "Escola Setecentista" desenvolve-se até 1808 com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, que com suas medidas político-administrativas, permitiu a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens tropicais, como em Caramuru, valorização da história colonial, o início do nacionalismo e da luta pela independência e a colocação da colônia como centro das atenções.
O século XVIII é considerado o Século de Ouro no Brasil, graças á descoberta de ouro em Minas Gerais. A região Sudeste tornou-se o principal eixo econômico e político da Colônia e teve nas cidades de Vila Rica (Atual Ouro Preto) e Rio de Janeiro.
Diferentemente da dinâmica existente na região Nordeste, cuja economia era agrária, formou-se na região de Minas Gerais, principalmente em Vila Rica, uma sociedade urbana caracterizada por grande número de profissionais, cujas atividades giravam em torno da extração de Ouro.
Vila Rica tornou-se um dos maiores centros urbanos na América, com grande desenvolvimento artístico e cultural. A proliferação de intelectuais e artistas, que vinham das mais diferentes regiões, possibilitou maior circulação das ideias iluministas, vindas do continente europeu, que fizeram de Vila Rica palco de várias rebeliões políticas e inovações estéticas.
Aqui o marco inaugural do arcadismo deu-se em 1768 com a fundação da “Arcádia Ultramarina”, em Vila Rica, e a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa. Embora não chegue a constituir um grupo nos moldes das arcádias europeias, constituem a primeira geração literária brasileira.
Nesta colônia portuguesa, as ideias iluministas vieram ao encontro dos sentimentos e anseios nativistas, com maior repercussão em Vila Rica, centro econômico mais importante à época, em função da mineração. A figura do “bom selvagem” de Rousseau dará origem, na colônia, ao chamado Nativismo. O acontecimento político mais importante será a Inconfidência Mineira, tentativa mal-sucedida de libertar a província das Minas Gerais do domínio colonial português. A politização do movimento apresentou-se através dos poetas árcades brasileiros, participantes da Conjuração.
A chamada "Escola Setecentista" desenvolve-se até 1808 com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, que com suas medidas político-administrativas, permitiu a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens tropicais, como em Caramuru, valorização da história colonial, o início do nacionalismo e da luta pela independência e a colocação da colônia como centro das atenções.
No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas.
Os ideais neoclássicos encontraram o Brasil ainda como uma colônia de Portugal, pesadamente explorada e rigidamente controlada. Em Minas, mais para o final do século, o Neoclassicismo iluminista foi cultivado por um grupo de literatos que pretendia abolir a monarquia absolutista e implantar uma democracia burguesa e independente de Portugal. Alvarenga Peixoto, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, entre outros, deram origem a uma insurreição conhecida como Inconfidência Mineira, severamente reprimida pelas autoridades coloniais, onde o martírio de Tiradentes acabou se tornando mais tarde um popular símbolo de liberdade. No Rio também foram os literatos os responsáveis pela introdução das ideias iluministas, através da fundação de uma sociedade clandestina que estava em contato com os sediciosos de Minas.
Enquanto corrente estética, as primeiras manifestações neoclássicas no Brasil ocorreram estando o território imerso no estilo Barroco, que lá enraizara desde o século XVII. O Barroco era uma arte funcional e didática, carregada de misticismo e de caráter fortemente ornamental, retórico, dinâmico, dramático, espetaculoso e extravagante.Reagindo contra esse modelo, o Neoclassicismo cultivou uma arte austera, equilibrada e pouco dada a ornamentações, abordando com mais ênfase também temas profanos e celebrando uma sociedade laica. O Neoclassicismo brasileiro derivou de várias vertentes, e não foi tão ortodoxo como em seus inícios europeus.
O estilo sedimentou-se após a transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808. A chegada da corte, composta de milhares de fidalgos, clérigos e oficiais, encontrando um povoado acanhado e relativamente pacato, de imediato causou uma revolução na vida dos cariocas, e logo o Príncipe Regente Dom João ordenou melhorias buscando dar-lhe condições próximas à de uma cidade europeia. Apesar dos grandes projetos, a reurbanização neoclássica do Rio enfrentou dificuldades várias e teve um alcance limitado. Mais importante foi a chegada em 1816 da Missão Artística Francesa, formada por neoclássicos convictos que almejavam civilizar e modernizar o panorama artístico nacional, rejeitando sumariamente tudo o que fosse barroco, sinônimo, para eles, de mau gosto e atraso. Por sua iniciativa foi fundada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, antecessora da Academia Imperial de Belas Artes, a principal responsável pela reorganização de todo o sistema das artes visuais e arquitetura brasileiras, modernizando a metodologia de ensino e impondo os padrões neoclássicos como um modelo ideal, inspirados nas academias europeias, particularmente a Academia de Belas Artes de Paris.
Porém, em virtude de crônica carência de verbas, de constantes intrigas palacianas e disputas internas, da resistência dos artistas nacionais, ainda aferrados às tradições barrocas, e da instável situação econômica e política brasileira entre a Independência e o Segundo Reinado, a Academia em suas primeiras décadas de existência pouco pôde fazer e sua produção foi pequena. Somente com o mecenato de Dom Pedro II, já na segunda metade do século XIX, é que a Academia Imperial veria florescer seu projeto, mas neste momento o Neoclassicismo já se fundia ao Romantismo e, logo em seguida, ao Realismo, formando uma síntese eclética.
Enquanto corrente estética, as primeiras manifestações neoclássicas no Brasil ocorreram estando o território imerso no estilo Barroco, que lá enraizara desde o século XVII. O Barroco era uma arte funcional e didática, carregada de misticismo e de caráter fortemente ornamental, retórico, dinâmico, dramático, espetaculoso e extravagante.Reagindo contra esse modelo, o Neoclassicismo cultivou uma arte austera, equilibrada e pouco dada a ornamentações, abordando com mais ênfase também temas profanos e celebrando uma sociedade laica. O Neoclassicismo brasileiro derivou de várias vertentes, e não foi tão ortodoxo como em seus inícios europeus.
O estilo sedimentou-se após a transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808. A chegada da corte, composta de milhares de fidalgos, clérigos e oficiais, encontrando um povoado acanhado e relativamente pacato, de imediato causou uma revolução na vida dos cariocas, e logo o Príncipe Regente Dom João ordenou melhorias buscando dar-lhe condições próximas à de uma cidade europeia. Apesar dos grandes projetos, a reurbanização neoclássica do Rio enfrentou dificuldades várias e teve um alcance limitado. Mais importante foi a chegada em 1816 da Missão Artística Francesa, formada por neoclássicos convictos que almejavam civilizar e modernizar o panorama artístico nacional, rejeitando sumariamente tudo o que fosse barroco, sinônimo, para eles, de mau gosto e atraso. Por sua iniciativa foi fundada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, antecessora da Academia Imperial de Belas Artes, a principal responsável pela reorganização de todo o sistema das artes visuais e arquitetura brasileiras, modernizando a metodologia de ensino e impondo os padrões neoclássicos como um modelo ideal, inspirados nas academias europeias, particularmente a Academia de Belas Artes de Paris.
Porém, em virtude de crônica carência de verbas, de constantes intrigas palacianas e disputas internas, da resistência dos artistas nacionais, ainda aferrados às tradições barrocas, e da instável situação econômica e política brasileira entre a Independência e o Segundo Reinado, a Academia em suas primeiras décadas de existência pouco pôde fazer e sua produção foi pequena. Somente com o mecenato de Dom Pedro II, já na segunda metade do século XIX, é que a Academia Imperial veria florescer seu projeto, mas neste momento o Neoclassicismo já se fundia ao Romantismo e, logo em seguida, ao Realismo, formando uma síntese eclética.
Autores
Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema épico Caramuru.
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) Obras Poéticas e Villa Rica.
Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O Uraguai.
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas.
Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744-1793).
Silva Alvarenga (1749-1814)
Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema épico Caramuru.
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) Obras Poéticas e Villa Rica.
Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O Uraguai.
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas.
Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744-1793).
Silva Alvarenga (1749-1814)
Autores e Obras
Principais escritores do Arcadismo e suas obras:
No Brasil
- Cláudio Manuel da Costa, autor de Obras Poéticas de Glauceste Satúrnio, Epicédio, Culto Métrico e Vila Rica.
- Tomás Antônio Gonzaga, autor de Marília de Dirceu, Tratado de Direito Natural e Cartas Chilenas.
- Santa Rita Durão, autor de Caramuru. Poema Épico do Descobrimento da Bahia.
- Basílio da Gama, autor de O Uraguai, Os Campos Elíseos e Quitúbia.
- Inácio José de Alvarenga Peixoto, autor do poema Canto Genetlíaco.
- Manuel Inácio da Silva Alvarenga, autor do poema O Bosque da Arcádia.
Em Portugal
- António Dinis da Cruz e Silva, autor do poema O Hissope e Odes Pindáricas.
- Manuel Maria Barbosa du Bocage, autor de A morte de D. Ignez, A pavorosa ilusão e Elegia.
- Correia Garção, autor de Teatro Novo e Assembleia ou Partida.
- Leonor de Almeida Portugal, autora de A primavera e Recreações botânicas, poema original em seis cantos.
- Francisco José Freire, autor de Arte Poética e Vieira defendido.
Autor em Destaque
Tomás Antônio Gonzaga (TCM Dirceu) nasceu em 1744, em Porto, passou uma parte de sua infância no Brasil, e com aproximadamente vinte e quatro anos se formou no curso de Direito em Coimbra dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, sediada na atual cidade de Ouro Preto, então conheceu a adolescente, de apenas dezesseis anos, Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília em uma das possíveis interpretações de seus poemas, que teria sido imortalizada em sua obra lírica (Marília de Dirceu) -
Porém, prestes a se casar com Maria Dorotéia, foi denunciado de participar da Conjuração Mineira, preso e exilado para Moçambique, onde se casou com Juliana de Sousa Mascarenhas, filha de traficante de escravos e herdeira de sua fortuna. Antônio Gonzaga provavarlmente morreu em 1810, aos 66 anos, era juiz de alfândega.
Porém, prestes a se casar com Maria Dorotéia, foi denunciado de participar da Conjuração Mineira, preso e exilado para Moçambique, onde se casou com Juliana de Sousa Mascarenhas, filha de traficante de escravos e herdeira de sua fortuna. Antônio Gonzaga provavarlmente morreu em 1810, aos 66 anos, era juiz de alfândega.
Suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília de Dirceu Cartas Chilenas. A data de sua morte não é uma data certa, mas sabe-se que ele veio a falecer entre 1809 e 1810. É um dos melhores escritores da época.
Marília de Dirceu
As liras de Marília de Dirceu exploram o tema do amor entre dois pastores de ovelhas.
No decorrer da obra, o eu-lírico expressa seu amor pela pastora Marília e fala sobre suas expectativas futuras.
Dentro do contexto do Arcadismo, Dirceu revela a ambição de ter uma vida simples e bucólica ao lado de sua amada.
A natureza torna-se, portanto, uma forte característica, a qual é descrita em diversos momentos. No entanto, esse amor não pode ser consumado, visto que Dirceu foi exilado de seu país.
Na primeira parte da obra, o foco maior é a exaltação da beleza de sua amada e da natureza.
No decorrer da obra, o eu-lírico expressa seu amor pela pastora Marília e fala sobre suas expectativas futuras.
Dentro do contexto do Arcadismo, Dirceu revela a ambição de ter uma vida simples e bucólica ao lado de sua amada.
A natureza torna-se, portanto, uma forte característica, a qual é descrita em diversos momentos. No entanto, esse amor não pode ser consumado, visto que Dirceu foi exilado de seu país.
Na primeira parte da obra, o foco maior é a exaltação da beleza de sua amada e da natureza.
Na segunda parte, o tom de solidão já começa a aparecer, uma vez que o eu-lírico vai para a prisão. Isso porque Dirceu esteve envolvido no movimento da Inconfidência Mineira, em Minas Gerais.
E, por fim, na terceira parte, o tom de melancolia, pessimismo e solidão é notório.Exilado na África, o eu-lírico revela a saudade que sente de sua amada
Comentários
Postar um comentário